O Diabo veste (mesmo) Prada? por Bárbara Migliori (diretora de moda da Vogue Brasil)

Demorou mas chegou! A vida de estudante/blogueira/pesquisadora anda super corrida, são mil acontecimentos ocorrendo paralelamente, e, às vezes, não dá tempo de fazer os posts logo após o evento. Porém, como diz o ditado: “Antes tarde do que nunca.”, não é mesmo? hahaha Até porque eu sei que muit@s estavam ansiosos por este post.

O Diabo veste Prada“, é um filme baseado no bestseller de Lauren Weisberger, e foi um marco na história do jornalismo de moda. Ele deu enfoque à esta profissão, existente há tantos anos, porém, “escondida nos bastidores” ou, nesse caso, por trás das páginas das revistas.

A trama conta a história da editora de moda da revista Runway,  Miranda Priestly e de Andrea Sachs (personagens fictícios), que é contratada para ser sua secretária. Andrea, recém formada em jornalismo e ‘zero à esquerda’ em moda, comete vários erros, como não saber escrever Dolce & Gabbana e não conseguir diferenciar os tons de uma mesma cor.

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Andy Sachs : […] É que, sabe, estes dois cintos parecem exatamente o mesmo para mim. Eu ainda estou aprendendo sobre todas estas coisas.

Miranda Priestly : Estas… Coisas’? Oh… ok. Entendo, você pensa que isso não tem nada a ver com você. Você vai para o seu armário e você escolhe, humm, não sei, este suéter azul irregular, por exemplo, porque você está tentando dizer ao mundo que você se leva a sério demais para se importar com o que você vai colocar nas suas costas. Mas o que você não sabe é que este suéter não é apenas azul, não é azul-turquesa, não é lapis, é na verdade azul celeste. Você também é alegremente inconscientes do fato de que, em 2002, Oscar De La Renta fez uma coleção de vestidos de azul celeste. E então eu acho que foi Yves Saint Laurent, não era, que mostrou jaquetas militares em azul celeste? – Acho que precisamos de uma jaqueta aqui.- E então azul celeste rapidamente apareceu nas coleções de oito diferentes designers.

Então é filtrada através das lojas de departamento e, em seguida, escorreu para baixo em algum canto trágico casual onde você, sem dúvida alguma, pescava em alguma prateleira de lixos. No entanto, esse azul representa milhões de dólares e incontáveis empregos e, portanto, é um pouco cômico como você acha que já fez uma escolha que te exclui da indústria da moda quando, na verdade, você está vestindo um suéter que foi selecionado para você pelas pessoas nesta sala. De uma pilha de coisas.” #regram do blog Meu Universo Feminino.

A conversa com a diretora de Moda da Vogue Brasil, Bárbara Migliori foi bem sincera e descontraída. Ela contou um pouco sobre a sua carreira, o seu atual trabalho, algumas dificuldades e a realidade de se trabalhar em uma revista de moda, tão “sagrada” como a Vogue (existente no mercado há mais de 100 anos).

Vamos descobrir como foi?


Quem é Bárbara?

Bárbara é formada em Arquitetura e Urbanismo, porém, percebeu que não era essa a carreira que queria seguir. Por ler a Vogue, tanto brasileira quanto americana, desde muito nova, ela percebeu que talvez poderia dar certo no ramo da moda. Ela conta, rindo, que entregou o seu currículo ao RH da revista, com apenas uma folha e sem nenhuma experiência e achou que não ia dar em nada. Até que a Daniela Falcão, diretora de redação da Vogue, chamou ela e a contratou.

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Atualmente, Bárbara é diretora de moda, mas começou como auxiliar, xerocando e fazendo listas. Ela conta que a sua verdadeira faculdade foi a Vogue, pois tudo o que sabe, principalmente sobre moda, ela aprendeu lá nos 10 anos de carreira (até agora).


Fashion Weeks

“Glamour não é para quem trabalha na Vogue,a quem é para quem lê”, diz Bárbara Migliori.

A equipe da Vogue participa de pelo menos duas temporadas de Moda: Primavera-verão e outono-inverno das Fashion Weeks de Nova Iorque, Londres, Paris e Milão. Além de, às vezes, fazerem coberturas das temporadas intermediárias, Resort e Pre-fall.

Bárbara conta que, principalmente, durante essas semanas os editores e jornalistas acordam muito cedo e dormem tarde para acompanhar os desfiles (que, em tempo real, eles devem mandar fotos via whats para serem publicadas nas redes sociais para os leitores terem acesso a esse material e ficar por dentro do está acontecendo) e, no fim de cada dia, devem fazer um review de tudo o que rolou (tendências, cores, modelagens, inspirações, fotos) e escrever no site da Vogue. Não é moleza não! Ainda mais quando ela tem que ir sozinha, participar de todos os desfiles e passar para a equipe, no mesmo dia, tudo o que viu.


Bastidores 

A Vogue Brasil, muitas vezes, trabalha com profissionais internacionais. Um exemplo é a Anna Dello Russo, editora-chefe da Vogue Japão, e o Giampaolo Sguraque, fotógrafo, que vieram no ano de 2013 fazer um editorial na Bahia para a revista brasileira.

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“Oito malas lotadas de roupas, 11 profissionais vindos da Europa, cinco dias de foto, dois de viagem, cinco ensaios para a Vogue Brasil, dois para a Vogue Japão, quatro capas, dois meses de pré-produção. Ufa! A temporada baiana do fotógrafo Giampaolo Sgurae da stylist Anna Dello Russo, ambos italianos da Puglia (o salto da bota), demandou muito – e rendeu mais ainda.” Vogue Brasil (clique aqui para ver post completo).

Para quem segue a Anna no instagram (@anna_dello_russo) sabe que ela aparece sempre produzida (da cabeça aos pés), com um estilo super singular. Porém, não só ela, mas tod@s que trabalham com produção e edição de moda precisam usar roupas simples e confortáveis, por isso, Bárbara conta que Anna não gosta de ser fotografada nesse contexto, porque ela quase nunca está vestida assim.

E, no ano passado, a Vogue trouxe a cantora Rihanna para fazer um photo shooting, em Ilha Grande, no Rio de Janeiro, em comemoração aos 39 anos da revista no Brasil. Imaginem o auê, tod@s querendo conhecer a Riri pessoalmente. Por isso, tem toda uma equipe preparada, de editores, stylish, maquiadores, fotógrafos e, claro, seguranças.

“Foi uma operação de guerra, …, por causa do efeito estrelismo de Rihanna.” diz, Bárbara, no encontro na Tufi Duek.

A Bárbara contou que muitas capas e editoriais são realizados com meses de antecedência e não podem, por nada, vazar nas redes sociais (se não, estraga a surpresa né). Agora, imaginem como é a função para que ninguém de fora tenha acesso e tire uma foto para o instagram. Ela riu, dizendo que até o menininho de 5 anos tinha um smarthphone com 3g, na casa do bairro que fotografaram a Rihanna.

“Uma foto postada na hora errada, quebra toda a nossa ideia de divulgação da revista.”, Bárbara.


Dicas Bárbaras e a tecnologia aplicada à revista

Com a revolução industrial, a globalização e as tecnologias super avançadas, as pessoas começaram a se comunicar mais pela redes sociais virtuais. As revistas impressas continuam com papel importante para a sociedade, mas, prevendo um declínio nas vendas desse material, as editoras passaram, também, a vender e-books e produzir mais conteúdos e diversificação para os sites e redes sociais.

Por isso, a Vogue passou a gravar making offs e tutoriais, de beleza, com a Vic Ceridono (do blog Dia de Beauté), de cultura, com Ana Carolina Ralston, de lifestyle, com a Alline Cury,  e de moda, com a Bárbara Migliori. Foi aí que surgiu o Dicas Bárbaras, em que ela comenta sobre algumas tendências que estão sendo usadas e mostra como combinar com outras peças.

Uns dos episódios é sobre as over the knee, uma super aposta do inverno. Vamos assistir?


Dia-a-dia na Editora

O trabalho da Bárbara e das outras diretores, editoras e auxiliares não são sempre em locação externa. O trabalho del@s se concentram muito mais no escritório, pesquisando, compilando as notícias, os desfiles que foram vistos, escrevendo conteúdo para o site e para a revista. Bárbara diz que vida de quem trabalha em revista não é no salto-alto, muito pelo contrário, elas usam roupas confortáveis e, de preferência, sapatilha. A única pessoa que tem sala é a Daniela Falcão, editora-chefe, mas, ao mesmo tempo, é uma sala que não é fechada, porque quando el@s se conversam a todo tempo, a Dani chama o pessoal várias vezes.

“A gente precisa ta nesse ambiente onde a troca é muito viva. Você precisa ta escutando o que a outra editora ta falando. Nosso trabalho é montado em equipe, eu não faço sozinha, eu tenho uma equipe, eu tenho que conversar com o editor de arte, com a repórter que vai escrever a matéria. Tem vários departamentos que precisam ta integrados, se conversando.” diz, Bárbara.


Bárbara responde!

Sobre o que precisa estudar para trabalhar na Vogue…

“Nada especificamente. É uma questão de que interesses você tem. Então assim, uma faculdade bem feita vai ser importante para você ser uma pessoa que escreve bem, se coloca bem, que se interessa pelo o que ta acontecendo no mundo, mas  não existe nada técnico que você tenha que aprender para ir trabalhar na Vogue. Você tem que ser uma pessoa naturalmente interessada em imagem, no que ta acontecendo no mundo. Moda também é comportamento, é sociedade, é política. Então, se você tiver esse interesse, essa profundidade, você é uma pessoa que pode trabalhar na Vogue.”

Sobre as blogueiras…

“As blogueiras são um fenômeno da época em que a gente vive. Não dá para lutar compra isso. Não é para lutar contra isso. A blogueira não concorre com a revista. A blogueira ela se comunica de um outro jeito, ela tem um outro canal. Ela é a pessoa que vai ensinar a mulher a se maquiar no dia seguinte, sabe? Ela é a pessoa que é parecida, que se coloca ali de corpo e é parecida com a expectadora, a leitora dela.”


A conversa foi longa, e eu tentei trazer para vocês um pouco de tudo o que a Bárbara Migliori falou sobre o mundo por trás das páginas da revista Vogue.

Sou apaixonada pelo jornalismo de moda e foi muito bom conhecer de pertinho uma das editoras de moda mais importantes do Brasil. Poder conversar com ela e aprender ainda mais sobre esse mundo da moda, que tanto me encanta, foi uma das melhores experiências. Adorei!

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Bárbara e eu.
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Meu look para o evento na Tufi Duek.

Esperam que tenham gostado do post!

E, qualquer dúvida, comentário ou sugestão, escrevam aqui que eu respondo!

Beijos, Gabi Henemann <3

Comentários

  1. Gislaine Henemann Barboza says:

    Meu comentário hoje é sobre teu crescimento na escrita do post, cada dia e a cada post, vêm crescendo e enriquecendo o teu leitor com propriedade. PARABÉNSSS.. Beijo Enorme.

Escreve aqui!